Versos no túmulo de John Keats
Não foi nas águas o teu nome escrito
Mas nos reinos secretos da beleza.
Se na morte se cala o peito aflito
Em verso há de ficar a chama acesa.
Pirâmides não medem tua grandeza
E nem mesmo as palavras que recito,
Odes tão puras, furtam -me à surpresa
De um silêncio maior do que o infinito
Nada somos,aqui. Só a Arte existe.
Cedo soubeste essa verdade triste
Cedo te foste, sob a luz e o sol.
E entre as gregas figuras do teu sono,
Junto aos ciprestes, brilha o mesmo outono
E canta para sempre o rouxinol.
Roma, Cimitero degli inglesi, 23 de dezembro de 2016